Você já ouviu falar em quilotórax? É uma condição caracterizada pelo acúmulo de linfa na cavidade torácica, especificamente no espaço que envolve os pulmões (espaço pleural). A linfa é um líquido viscoso que circula no sistema linfático e transporta nutrientes, células do sistema imunológico e, principalmente, quilomícrons — partículas de gordura absorvidas no intestino durante a digestão. Esse fluido percorre todo o corpo, seguindo trajetos semelhantes aos dos vasos sanguíneos e drenando para os ductos linfáticos, que eventualmente se conectam ao sistema venoso.
O derrame de linfa no tórax ocorre quando há algum tipo de ruptura ou disjunção nos vasos linfáticos ou quando há um desequilíbrio na concentração de proteínas entre os vasos linfáticos e os tecidos ao redor. Essa diferença de pressão pode fazer com que a linfa extravase para a cavidade torácica, levando ao acúmulo de fluido e, consequentemente, ao quilotórax.
Uma das funções principais da linfa é o transporte de quilomícrons, que são responsáveis pelo transporte das gorduras absorvidas no intestino. Quando a alimentação do paciente é rica em gorduras, a produção de linfa aumenta, o que pode intensificar o risco de quilotórax, especialmente em animais predispostos a essa condição. O excesso de lipídios no intestino gera aumento no volume de linfa, e em casos de disfunção ou fraqueza nos vasos linfáticos, essa linfa pode acabar se acumulando na cavidade torácica.
No manejo de pacientes com quilotórax, a alimentação desempenha um papel importante para reduzir a formação excessiva de linfa e minimizar os efeitos do acúmulo no tórax. Para esses pacientes, recomenda-se que a dieta contenha níveis controlados de gordura. A diminuição da ingestão de gorduras pode ajudar a reduzir a quantidade de quilomícrons no sistema linfático e evitar o agravamento da condição. No entanto, é importante ressaltar que a alteração na dieta não é uma solução definitiva para o problema. O quilotórax geralmente esta associado a uma causa de base, como um problema estrutural nos vasos linfáticos ou uma doença que afete o sistema linfático.
Portanto, é fundamental investigar a causa do quilotórax para um tratamento adequado. Se a causa de base for tratada, a formação de quilotórax pode ser controlada a longo prazo. Enquanto isso, a modificação dietética deve ser mantida, de modo a reduzir o desconforto do paciente até que a causa do acúmulo seja identificada e corrigida.
Leitura complementar
FOSSUM, T.W. et al. Intestinal lymphangiectasia associated with chylotorax in two dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, Schaumburg, v.190, n.1, p.61-64, 1987.
Jeremias, J. T., Carciofi, A. C., Brunetto, M. A., Nogueira, S. P., Gomes, M. de O. S., & Teshima, E. (2008). Manejo nutricional e digestibilidade no quilotórax canino. Ciência Rural, 39(1), 258–261. https://doi.org/10.1590/s0103-84782008005000052
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