Recentemente, o monoetilenoglicol foi identificado em petiscos comerciais para cães da marca Bassar. Por ser uma substância altamente tóxica, esse fato levou muitos tutores a questionarem a segurança dos alimentos comerciais para cães e gatos. A substância que teria causado a morte de dezenas de cães não é usada na indústria pet food em nenhuma das etapas do processo de fabricação e não deveria estar presente nos petiscos.
O monoetilenoglicol, também conhecido como etilenoglicol, é um composto usado na fabricação de líquidos para radiadores e em equipamentos para resfriamento de alimentos. O que se usa na indústria pet food é o propilenoglicol (PPG), substância umectante que serve para deixar o petisco macio e evitar proliferação de fungos e bactérias, sendo atóxico aos animais nas quantidades utilizadas pelas indústrias. Acredita-se que o PPG adquirido pelo fornecedor da Bassar estaria contaminado com o etilenoglicol, substância que não tem registro de fornecimento para indústria de alimentação animal no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
No organismo, o etilenoglicol passa por diversas reações que dão origem a uma série de metabólitos, todos eles tóxicos. Em até 3 horas após a ingestão, esses metabólitos podem ter ação no sistema nervoso central e o indivíduo intoxicado pode apresentar sinais como andar descoordenado, quedas e apatia. De 12 a 24 horas após a ingestão da substância pode haver acometimento do sistema cardiorrespiratório em função de um conjunto de alterações denominado acidose metabólica, que desencadeia um aumento da frequência respiratória. Após 24 horas da ingestão, os animais que ingeriram a substância podem ter falência nos rins, denominada como falência renal aguda, acompanhada de vômito, diarreia, perda de apetite, prostração e convulsões, podendo chegar à morte. Nos casos investigados por suspeita de intoxicação, os cães apresentaram alterações metabólicas importantes e o laudo de algumas necropsias indicaram lesões renais graves como causa da morte dos cães.
Caso a ingestão do etilenoglicol tenha ocorrido em até 30 minutos, é possível minimizar a absorção com o estímulo ao vômito por meio de administração de substâncias que competem pelas mesmas enzimas envolvidas no metabolismo do etilenoglicol; de adsorventes, como o carvão ativado; de alcalinizantes sistêmicos, em caso de acidose metabólica; e de alguns medicamentos para estimular a eliminação dos metabólitos. Assim, caso haja suspeita de intoxicação, procure o médico-veterinário mais próximo para que o profissional ofereça todo o suporte necessário.
Cabe destacar que as grandes empresas de alimentos para cães e gatos fazem controle rigoroso das matérias-primas usadas na produção de alimentos e petiscos. Inclusive, a chegada de todos os ingredientes na fábrica é a etapa mais rigorosa do processo de controle de qualidade de uma empresa séria. Tudo isso para garantir a qualidade do produto final, que refletirá na saúde e longevidade do seu pet!