A maconha é uma das drogas mais consumidas e comercializadas do mundo. No Brasil, o uso recreativo da maconha é ilegal, mas as substâncias derivadas da espécie de planta Cannabis têm sido amplamente utilizadas ao longo dos anos para o tratamento de diversas doenças. Com isso, surge também a preocupação com a exposição e intoxicação de cães e gatos por essa substância.
Os animais são bastante suscetíveis à intoxicação por maconha, mas os cães costumam ser a espécie mais afetada. Normalmente, a intoxicação acontece por ingestão acidental. Os quadros clínicos podem ser mais graves quando a maconha está presente em alimentos que já são naturalmente tóxicos para os pets, como o chocolate. Outra forma de intoxicação é pela ingestão de porções da planta fresca, por meio de preparos medicinais com derivados da planta.
O THC é a principal substância psicoativa presente na planta. Possui ação no sistema nervoso central, causando alterações na função cerebral e mudanças temporárias no humor, percepção, comportamento e consciência. É importante lembrar que o canabidiol (CBD), que se tornou um componente bastante conhecido e estudado para uso medicinal, não possui ação psicoativa.
Os óleos e manteigas feitos a partir da maconha possuem altas concentrações de THC e representam um risco de intoxicação maior do que a ingestão de partes da planta. O THC é rapidamente absorvido quando inalado, já ao ser ingerido a absorção é mais lenta e menos previsível.
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos mais comuns causados pela intoxicação em cães são: letargia, diminuição da atividade no sistema nervoso central, alteração na coordenação motora e vômito, especialmente nos casos em que a planta foi ingerida. Convulsões podem ocorrer quando o animal também é exposto a outras drogas ou chocolate. Mas, apesar das altas chances de causar intoxicação e doenças ao organismo do pet, a maconha tem baixa taxa de mortalidade.
Tratamento
Não existe um medicamento específico para a intoxicação por maconha. O tratamento consiste em reduzir a absorção da substância e descontaminação, manejo dos sinais clínicos (relacionados ao sistema nervoso central, cardiovascular e gastrointestinal) e monitoração dos sinais vitais. A recuperação depende da dose e pode levar de 24 a 72 horas. A maioria dos animais se recupera sem sequelas em longo prazo.
A prevenção depende de uma boa educação da população sobre os efeitos negativos que a maconha pode ter em seus animais de estimação. Em caso de ingestão, com a presença ou não de manifestações clínicas, é fundamental que o animal seja atendido rapidamente por um médico-veterinário.