Mais exigentes do que os cães quando nos referimos à necessidade diária de proteínas, os gatos são considerados carnívoros estritos e dependem desse macronutriente para manutenção de sua saúde vital. As proteínas possuem papel fundamental na formação de células, enzimas, neurotransmissores, citocinas inflamatórias, renovação e manutenção de músculos e tecidos, além de muitas outras finalidades, como parte do sistema imunológico, metabólico e endócrino, todos (as) indispensáveis para manutenção da vida. São usadas como primeira fonte de energia nesses animais e, por isso, são necessárias fontes de alta qualidade, ou seja, que sejam aproveitadas pelo organismo com a menor formação de resíduos da digestão possível.
Dietas hiperproteicas (que possuem mais proteína do que o mínimo recomendado para a espécie) são apontadas, muitas vezes, como causadoras de doença renal crônica (DRC) em gatos, o que não é realidade e, por vezes, gera confusão para os tutores desses animais. A depender da situação, há recomendação de possível redução de proteína no alimento, como, por exemplo, para animais com idade mais avançada e que já possuam alguma comorbidade diagnosticada.
Com a diminuição da taxa de filtração glomerular (TFG) em função da perda das células funcionais dos rins (chamados néfrons) e avanço da doença renal, algumas substâncias que deveriam ser excretadas do organismo através da urina, tendem a se acumular na circulação sanguínea e resultam em alterações clínicas importantes. Estudos que avaliaram alimentos com menor teor proteico na dieta desses animais demonstraram que houve melhora da qualidade de vida, minimização de alterações (vômito, diarreia) e redução na taxa de progressão da doença. Entretanto, esses efeitos podem estar mais relacionados a menor ingestão de fósforo, do que a menor ingestão de proteína em si. Estudos recentes têm demonstrado que alimentos que atendem o mínimo de proteína ou com leve redução podem ser mais benéficos do que aqueles com maior restrição. É de grande valia salientar a importância da manutenção do peso corporal e da massa magra (musculatura) nesses animais, pois a perda de ambos foi associada ao aumento da taxa de mortalidade nos gatos com DRC. Dessa forma, a proteína incluída na formulação do alimento deve ser de alta qualidade/alto valor biológico, com menor geração de resíduos da digestão possível.
Lembre-se: a doença renal tem evolução inicialmente silenciosa e, por isso, é fundamental levar seu felino ao médico-veterinário com frequência, pois o diagnóstico precoce da doença renal crônica associado ao tratamento e manejo nutricional, são as melhores estratégias para aumentar a sobrevida do gatinho.