Com o avanço da área de nutrologia dentro da medicina veterinária, vemos cada vez mais diferentes tipos de alimentos coadjuvantes no mercado, que são dietas que auxiliam no tratamento de determinadas doenças que o animal possua, por exemplo, temos as rações de obesidade, hipoalergênicas e gastrointestinais. No entanto, é comum que tutores ou até mesmo médicos-veterinários confundam o propósito do alimento ou até mesmo o estágio da doença em que ele deve ser introduzido, muito comum principalmente quando falamos do alimento coadjuvante renal e o urinário. Vamos entender a diferença entre esses dois?
Para tanto, vamos entender as doenças nas quais esses alimentos terão ação. A Doença Renal Crônica (DRC) esta associada a perda de função de um ou de ambos os rins, ou seja, o rim não consegue realizar a correta filtração do sangue, portanto, algumas substâncias e toxinas que deveriam ser eliminadas na urina ficam retidas na circulação, como é o caso da ureia, creatinina e fósforo, enquanto outras que deveriam permanecer na circulação, acabam sendo eliminadas na urina, como algumas proteínas, como a albumina. E vale ressaltar, que o acúmulo de substâncias urêmicas no organismo do animal pode causar náuseas, vômitos e falta de apetite.
O alimento renal terá como função auxiliar no controle dos níveis de fósforo no sangue, portanto, possui uma quantidade reduzida desse nutriente para evitar que ele se acumule na circulação sanguínea do animal; ao mesmo tempo, tem níveis de proteína reduzidos para diminuir a eliminação delas pela urina, que contribui para o avanço da doença. Também terá níveis mais elevados de gordura e caloria para que caso o animal se alimente em menor quantidade, já ser suficiente para atender suas necessidades, evitando a perda de peso. Muitas rações renais também possuem grande aporte de ômega-3 (EPA e DHA) para auxiliar no processo inflamatório causado pela doença.

A ração urinária, por outro lado, promove a dissolução e previne a formação de urólitos, as famosas pedras na bexiga, através da alteração do pH urinário. No entanto, ela sempre deve ser usada com cautela buscando entender qual o tipo do cálculo formado, pois apenas alguns tipos de cálculo, como os de estruvita, são dissolvidos. Também devemos sempre avaliar se há outros fatores que levaram à sua formação, como por exemplo, uma cistite bacteriana.
Algumas rações urinarias ainda possuem níveis mais elevados de sódio para aumentar a ingestão de água pelo animal, promovendo menor densidade urinária, situação que auxilia na prevenção dos urólitos. Mas não se preocupe! Este aumento de sódio não terá efeitos negativos na saúde do seu animal: diversos estudos apontam que cães e gatos metabolizam muito bem o sódio e um consumo mais elevado não tem efeito sobre a pressão arterial ou formação de novos cálculos.
Em resumo: alimentos renais são destinados a animais com doença renal crônica, e alimentos urinários, a animais com cálculos urinários que possam ser dissolvidos, como é o caso dos cálculos de estruvita
Concluímos que ambas as rações possuem propósitos totalmente diferentes. Devemos sempre nos lembrar alimentos coadjuvantes sempre devem ser indicados por um médico-veterinário capacitado. O uso de tais dietas sem necessidade pode trazer malefícios à saúde do animal a longo prazo. se você acredita que o seu animal precisa ingerir um destes alimentos ou qualquer outro alimento coadjuvante, peça orientação para um médico-veterinário nutrólogo devidamente capacitado para que ele possa realizar a avaliação nutricional e tirar dúvidas sobreo uso destes alimentos.