Apesar dos alimentos comerciais ainda serem os mais utilizados na alimentação de cães e gatos, atualmente observa-se um crescente interesse dos tutores pelas dietas caseiras. Esse interesse pode ser motivado, entre outros fatores, por mitos disseminados na internet, dificuldade em compreender os rótulos das embalagens, preocupações quanto ao uso de conservantes, aditivos e possíveis contaminantes, pela ampla variedade de ingredientes que podem integrar uma dieta caseira ou mesmo pelo simples prazer que alguns tutores sentem de cozinhar para os seus pets.
De fato, a dieta caseira apresenta vantagens, como a palatabilidade, já que pode ser preparada de acordo com as preferências do animal, o que torna especialmente útil em casos de seletividade alimentar, pois pode ser ajustada conforme as necessidades de cada indivíduo, levando em conta idade, estágio de vida, doenças pré-existentes, intolerâncias ou alergias. No entanto, dependendo dos alimentos selecionados e da sua disponibilidade no mercado, a dieta caseira pode ter um custo mais elevado do que uma dieta comercial. Além disso, exige tempo para preparo e espaço adequado para armazenamento. É importante lembrar que, ao contrário dos alimentos comerciais, as dietas caseiras não passam por testes obrigatórios de controle de qualidade, exigidos para as empresas de alimentação animal. Outro ponto de atenção é que, devido à sua maior palatabilidade, um animal que já consome dieta caseira e se torna seletivo para comer pode se recusar a voltar a outros tipos de alimento, já que está acostumado ao sabor que mais lhe agrada.

Mais do que conhecer as vantagens e desvantagens, é fundamental compreender os riscos associados a esse tipo de alimentação. A dieta caseira deve ser sempre formulada por um médico-veterinário nutrólogo capacitado, que fará uma avaliação completa do histórico clínico e nutricional do animal, além do exame físico. Com base nessas informações, o profissional irá elaborar uma dieta completa e balanceada, atendendo às necessidades nutricionais específicas de cada indivíduo seguindo as diretrizes estabelecidas por órgãos de referência. Para isso, o profissional seleciona ingredientes com perfil nutricional conhecido, obtido por meio de pesquisas científicas e bancos de dados confiáveis, combinando-os para compor uma formulação adequada. Após esse processo, a receita é enviada ao tutor com todos os detalhes, incluindo o nome exato de cada ingrediente, o método de preparo (por exemplo, cozido ou assado) e a quantidade a ser pesada após o cozimento.
Considerando todo esse cuidado, quando a dieta caseira não é elaborada corretamente, pode causar desequilíbrios e deficiências nutricionais. Isso acontece quando a formulação é feita por pessoas sem capacitação, quando o tutor inclui ingredientes tóxicos — como alho, cebola ou uva —, ou quando substitui alimentos por conta própria, seguindo preferências pessoais ou diretrizes nutricionais voltadas para humanos. É comum que tutores que oferecem dieta caseira acabem trocando ingredientes de forma inadequada ou restringindo gordura, sódio ou carboidratos, acreditando estar cuidando da saúde do pet, mas, na prática, podendo provocar efeitos negativos em seu bem-estar.
Por isso, é essencial seguir à risca a receita elaborada pelo profissional. Caso haja necessidade de trocar ou incluir algum ingrediente, é indispensável entrar em contato com o médico-veterinário responsável pela prescrição, para que ele possa ajustar a dieta de forma adequada e garantir que todas as necessidades nutricionais do animal sejam atendidas.