Primeiramente é importante nós entendermos o que são os ácidos graxos polinsaturados da família ômega-3 e quais suas funções no organismo. Esses ácidos graxos são essenciais para cães e gatos durante as fases de crescimento e reprodução e, são importantes, principalmente para o desenvolvimento cerebral e da retina, assim como para a modulação do processo inflamatório. Portanto, desempenham efeitos positivos na função cognitiva, visão e minimizam o processo inflamatório, além de vários benefícios clínicos, incluindo efeitos positivos em pacientes com doenças cardíacas, doença renal crônica, câncer etc.
Dentre os ácidos graxos ômega-3, há o ácido alfa-linolênico, que pode ser encontrado em óleos vegetais, principalmente o óleo de linhaça, e os ácidos eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), ambos encontrados em altas concentrações em peixes de águas frias e profundas, como por exemplos sardinha, atum e salmão. O EPA e o DHA são os mais importantes, por isso a principal forma de fornecer ômega-3 para pets é através do óleo de peixe.
Agora que sabemos o que e quem são os ácidos graxos ômega-3, vamos responder à pergunta inicial: Peixe cru é fonte de ômega-3 para cães e gatos? A resposta é SIM! Porém, a primeira coisa que devemos ressaltar é que não é qualquer peixe, precisa ser peixes marinhos de águas profundas, como já comentado. O segundo ponto que devemos ressaltar é o risco sanitário do fornecimento de carne crua, independente da espécie. Apesar de algumas pessoas acreditarem que cães e gatos devam consumir carnes cruas, essa prática não é recomendada por nenhum órgão competente.
Já foi relatada presença de uma espécie de parasita em peixes crus comercializados para o consumo de pets, denominado Diphyllobothrium latum, mais conhecido como “tênia do peixe” Além disso, é conhecido que peixes crus podem apresentar contaminação por diversos microrganismos que originam doenças, os quais poderiam facilmente ser neutralizados através do processo de cozimento (leia mais em: LEJEUNE, Jeffrey T.; HANCOCK, Dale D. Public health concerns associated with feeding raw meat diets to dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 219, n. 9, p. 1222-1225, 2001). Além disso, nos peixes há a presença de uma enzima denominada tiaminase, que degrada a tiamina, também conhecida como vitamina B1. O processo de cozimento neutraliza a ação desta enzima, porém se o peixe for consumido cru, ela vai degradar a tiamina e o animal pode desenvolver deficiência desta vitamina. Ademais, devemos nos atentar em relação à presença de “espinhos”, os quais podem provocar ferimentos na boca do animal, perfurações no trato gastrointestinal, muitas vezes com necessidade de intervenção cirúrgica. Em caso de dúvidas, consulte um especialista em nutrição de cães e gatos para melhor orientá-lo em relação a alimentação do seu pet.