Você já ouviu falar na insuficiência pancreática exócrina? Essa doença pode acontecer em cães e gatos e ocorre pela ausência ou diminuição da produção de enzimas do pâncreas, que são responsáveis pela digestão dos alimentos. Quando isso acontece, a comida não é digerida adequadamente e, assim, os nutrientes também são mal absorvidos. Com isso, ocorrem deficiências nutricionais e de energia.
A insuficiência pancreática exócrina acontece devido a atrofia (“morte”) de células que secretam enzimas; ela também pode ocorrer associada a outras condições, como a pancreatite crônica.
É comum que animais com essa condição tenham muita fome e peçam comida constantemente, e, mesmo assim, apresentem perda de peso. O volume de fezes e a frequência de defecações também podem aumentar. Além disso, o cocô pode apresentar alterações: pode ficar mais pálido, malcheiroso e com aspecto oleoso, e pode ocorrer diarreia. Em relação a pelagem, é possível perceber que há maior queda, e aspecto seco, sem brilho e de toque áspero.
Em gatos, uma mudança que chama atenção dos tutores é a impressão de que o animal tem dedicado menos tempo a auto higiene, isso devido a aparência oleosa ao redor do ânus ou cauda. Os gatos têm o comportamento de higiene muito característico, por isso, mudanças comportamentais ou mudanças sutis nesses animais podem indicar possíveis alterações de saúde. Além disso, gatos com insuficiência pancreática exócrina também apresentam perda de peso.
Atualmente, o exame mais sensível que ajuda na detecção da doença é a medição da concentração sérica de uma enzima chamada tripsina ou de tripsinogênio (um precursor dessa mesma enzima). A baixa concentração dessa enzima no sangue e os sinais clínicos são fortes indicativos de insuficiência pancreática exócrina. Nesses casos, um médico-veterinário provavelmente irá indicar a reposição enzimática.
Nutricionalmente falando, as principais preocupações serão melhorar o escore corporal do animal e fornecer uma dieta completa e balanceada que atenda às necessidades de vitaminas e minerais. Dependendo da gravidade do quadro, o veterinário pode considerar necessário utilizar suplementos nutricionais além do alimento.
É comum que a principal dúvida dos tutores seja em relação ao nível de gordura da dieta: o alimento não precisa ser “zero” gordura, pois isso poderia piorar a absorção de vitaminas lipossolúveis (solúveis em gordura) e comprometer o fornecimento calórico adequado do alimento e ganho de peso. Com a reposição enzimática adequada, o animal consegue sim digerir gordura.
Portanto, ao notar mudanças comportamentais, mesmo que aparentemente sutis, como autolimpeza ou de “excesso de fome” associado a perda de peso, ou mudanças na consistência das fezes, sempre busque por um profissional da sua confiança!
Referências
CRIDGE, H.; WILLIAMS, D. A.; BARKO, P. C. Exocrine pancreatic insufficiency in dogs and cats. Journal of the American Veterinary Medical Association, p. 1–10, 9 nov. 2023. Disponível em: <https://avmajournals.avma.org/view/journals/javma/aop/javma.23.09.0505/javma.23.09.0505.xml>.