É muito comum ouvirmos falar sobre alimentos que são específicos para o tratamento de certas enfermidades. Inclusive, muitas vezes, recebemos a indicação de médicos-veterinários para uso desses produtos com os nossos pets. Dentre eles, um muito comum é o alimento gastrointestinal, e é sobre ele que iremos conversar hoje.
Assim como nós, os cães e gatos podem apresentar diversas doenças que acometem o sistema gastrointestinal (composto pelos órgãos que participam da digestão e absorção dos nutrientes, como estômago e intestinos), ou seja, afetam a saúde digestiva do animal e, consequentemente todo seu metabolismo. Essas enfermidades prejudicam o funcionamento dos órgãos que compõem o sistema gastrointestinal e levam a uma maior dificuldade em digerir e absorver os nutrientes presentes no alimento. Alguns exemplos de doenças gastrointestinais que podem acometer seu pet são os quadros de diarreia (crônica ou aguda), vômito, constipação (dificuldade para defecar), hepatopatias (doenças que acometem o fígado), doença inflamatória intestinal e síndrome da má absorção.
Em muitas situações, quando um animal apresenta problemas gastrointestinais, é necessário usar um alimento facilmente digerível e que promova a saúde digestiva. E esse é o propósito de uma dieta gastrointestinal!
O uso de dietas gastrointestinais pode ser feito por um determinado período de tempo para promover a recuperação de alguma enfermidade ou então pela vida inteira do pet como alimento de manutenção, a depender do quadro clínico do animal, melhorando assim a qualidade de vida do mesmo. É importante lembrar que esses alimentos não tratam a doença sozinhos, mas atuam como um complemento ao tratamento clínico do animal que deve contar com medicamentos específicos e acompanhamento de um médico-veterinário.
A ração gastrointestinal possui ingredientes com alta digestibilidade, ou seja, os nutrientes presentes no alimento são facilmente digeridos e absorvidos pelo organismo do animal. Esse tipo de produto também possui prebióticos e probióticos, que são aditivos alimentares utilizados para equilibrar a microbiota intestinal, aumentando o número de bactérias benéficas e combatendo as bactérias que fazem mal. Além disso, esse alimento possui uma quantidade ideal de fibras alimentares solúveis e insolúveis que melhoram a formação das fezes e a motilidade intestinal.
Alguns alimentos também podem contar com baixos teores de gordura, o que é especialmente útil em casos de dificuldades de digestão desse nutriente e doenças em que a quantidade de gordura dietética precisa ser restrita, como é o caso da linfangiectasia. Mas nem todos os alimentos têm esse perfil, já que para algumas doenças a energia deve ser ofertada majoritariamente ou totalmente pela gordura proveniente do alimento, como ocorre em casos das hepatopatias crônicas. Cada caso deve ser analisado individualmente para que a escolha do alimento seja mais eficiente no tratamento.
Esses alimentos usualmente contam, também, com proteínas hidrolisadas, ou seja, proteínas que foram quebradas em pequenos fragmentos, o que diminui a chance de uma reação alérgica no trato gastrointestinal e a ocorrência de vômito e diarreia. Para facilitar ainda mais o processo de digestão, são utilizadas fontes de carboidrato que sejam de fácil digestão e absorção, diminuindo o tempo de trânsito do alimento no trato digestivo e, por consequência, a irritação e inflamação do órgão. Esses alimentos também contam com uma alta densidade calórica, ou seja, pouca quantidade de alimento possui muitas calorias, o que diminui o volume de alimento que precisa ser consumido para que as necessidades nutricionais e energéticas sejam atendidas.
Antes de ofertar um alimento específico para seu animal, é essencial levá-lo para uma consulta com um médico-veterinário nutrólogo que irá avaliar as necessidades individuais do seu pet e decidir o melhor manejo para o quadro dele.