Você já ouviu falar em lipidose hepática? Não? Vamos explicar um pouco melhor sobre ela e abordar inúmeras questões que, muitas vezes, acabam sendo questionadas pelos tutores de gato.
A lipidose hepática felina é uma doença que ocorre quando há acúmulo excessivo de gordura no fígado ― ocorre principalmente em animais obesos que ficam em jejum prolongado (de alguns dias a algumas semanas). Alguns dos fatores de risco, além da obesidade, são o estresse e a diabetes mellitus.
Já explicamos no blog que a alimentação à vontade não é recomendada, e esse é um dos motivos. Ao oferecer uma alimentação à vontade, o animal pode comer quantidades excessivas e depois ficar muito tempo sem comer, ocasionando no jejum prolongado. Além disso, doenças que causam falta de apetite, como doença renal crônica ou problemas dentários, além de situações que causem estresse no animal, podem fazer com que ele pare de comer.
Quando o jejum prolongado ocorre, especialmente em gatos obesos, o corpo do felino começa a mobilizar gordura rapidamente para o fornecimento de energia para o funcionamento do organismo, e isso gera o acúmulo de triglicerídeos no fígado ― esse acúmulo atrapalha o funcionamento do fígado, podendo gerar anorexia (onde o animal não se alimenta de forma voluntária), náuseas, vômitos, mal-estar e prostração (quando o animal fica muito deitado, “sem energia”). Caso o tutor não busque auxílio de um médico-veterinário de confiança, a lipidose hepática pode progredir para doenças mais graves como inflamação no fígado e insuficiência hepática.
O tratamento da lipidose, além do controle de sintomas com medicamentos, envolve oferecer alimento da forma correta. Não existe um alimento específico para essa alteração. Quando já há lipidose hepática, é muito possível que o animal não aceite comida de forma voluntária. Nesses casos, é possível utilizar sondas de alimentação, que irão ajudar a restabelecer a ingestão calórica e reverter o quadro.
Para prevenir a lipidose hepática, é indicado oferecer alimento fracionado ao longo do dia e evitar o jejum prolongado. Além disso, é importante acompanhar o apetite do animal e ficar atento para que isso não gere sobrepeso, ou até mesmo, a obesidade. Oferecer uma dieta completa e balanceada, com nutrientes e ingredientes de qualidade superior, garante uma saúde nutricional longeva e promoverá melhor qualidade de vida. Evite a alimentação a vontade, pois, além de poder aumentar o risco de lipidose, ela torna mais difícil verificar alterações no apetite, principalmente quando a casa possui mais de um animal. Por fim, vale lembrar que o tratamento da lipidose hepática felina, assim como qualquer doença, deve ser realizado por um profissional habilitado.
Referências
Brenner, K., KuKanich, K. S., & Smee, N. M. (2011). Refeeding syndrome in a cat with hepatic lipidosis. Journal of feline medicine and surgery, 13(8), 614-617.
Brown, B., Mauldin, G. E., Armstrong, J., Moroff, S. D., & Mauldin, G. N. (2000). Metabolic and hormonal alterations in cats with hepatic lipidosis. Journal of veterinary internal medicine, 14(1), 20-26. Valtolina, C., & Favier, R. P. (2017). Feline hepatic lipidosis. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, 47(3), 683-702.