Os lírios costumam ser utilizados como presentes em datas especiais e são frequentemente encontrados em floriculturas, lojas de produtos para pets ou mercados. Mas os tutores de gatos precisam redobrar a atenção com essa planta, pois a ingestão de lírios pode causar intoxicação e promover insuficiência renal nos felinos domésticos.
Os gatos são a única espécie em que a ingestão de lírios está associada ao desenvolvimento de insuficiência renal aguda e eles podem ser intoxicados ao ingerir qualquer parte da planta – flores, folhas, pólen e caule. Normalmente os animais domésticos que não têm acesso à rua também têm maior incidência de intoxicação. Eles podem se atrair pelos arranjos de flores presentes em vasos dentro da casa ou no jardim.
Um estudo relatou que mais de 70% dos tutores de gatos não têm conhecimento da toxicidade dos lírios e, por isso, frequentemente deixam as flores em locais de fácil acesso. Mesmo ao colocar o vaso em locais mais afastados, ainda assim alguns animais conseguem ter acesso ao forçar a porta para o cômodo em que o lírio está guardado ou escalar uma prateleira alta.
O princípio ativo tóxico desse tipo de planta ainda é desconhecido e, consequentemente, também não se sabe ao certo como ele age no organismo do pet. No entanto, o desenvolvimento rápido de sintomas em animais intoxicados sugere que o princípio ativo é rapidamente absorvido pelo organismo. Quantidades pequenas de duas folhas ou pétalas já podem promover o quadro de intoxicação.
Os principais sinais de intoxicação por lírios nos gatos são vômito, falta de apetite, letargia, salivação excessiva, aumento da frequência em urinar e, consequentemente, ingestão de água excessiva. Em casos mais graves, a intoxicação pode ocasionar grande desidratação, insuficiência renal aguda e até a morte do animal. Em qualquer suspeita de ingestão de lírios, o gato deve ser imediatamente avaliado por um médico-veterinário para ter o tratamento adequado.
A prevenção é a melhor alternativa
Os arranjos florais são muito atrativos para os gatos, principalmente quando são novidades em seu ambiente. Por isso, é importante que o tutor saiba identificar o lírio para garantir que não vai colocar a espécie dentro de casa. Como qualquer outra planta ornamental tóxica, a informação é a melhor forma de prevenir as intoxicações.
Os felinos, diferente dos cães, naturalmente têm acesso a mais áreas da casa, devido ao hábito de escalar os móveis, por isso o tutor deve pensar na disposição das plantas de acordo com o espaço disponível. Para uma convivência segura entre plantas e gatos o ideal é ter arranjos pendentes no teto ou suportes altos (como tripés e prateleiras) na parede, além de observar se existe algum móvel ou objeto próximo que facilite o contato do animal com o vaso, como sofás e cortinas.
O acesso do gato à rua e jardins fora do ambiente doméstico também é um fator de risco para intoxicação e outros acidentes, então o ideal é que aconteça apenas em casos de necessidade e com a supervisão do tutor.
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