A dieta cetogênica é caracterizada por uma alta concentração de gordura, teor moderado de proteína e restrição de carboidrato. Este perfil de dieta tem como objetivo reduzir a glicose obtida pelo carboidrato, fazendo com que o organismo utilize a gordura como principal fonte de energia.
Inicialmente, a dieta cetogênica foi desenvolvida para o tratamento de epilepsia em seres humanos, há quase um século, quando foi evidenciado que o aumento de corpos cetônicos na circulação estava relacionado ao controle de convulsões. Primordialmente, utilizava-se o jejum e a restrição calórica para se obter esses mesmos efeitos, porém, com a descoberta de que a dieta cetogênica proporcionava os mesmos efeitos, ela passou a ser amplamente utilizada no tratamento da epilepsia, até a descoberta das drogas antiepilépticas, na década de 1940.
A dieta de cães e gatos apresenta naturalmente um maior teor de gordura e baixo teor de carboidratos, ou seja, esses pets já têm uma maior adaptação ao consumo de altas concentrações de gordura, como no caso da dieta cetogênica. Portanto, alguns autores questionam se esse tipo de dieta implica em aumento significativo da produção de corpos cetônicos nessas espécies.
No entanto, já foi demonstrado aumento das concentrações de beta-hidroxibutirato em cães que consumiram dieta com alta inclusão de triglicérides de cadeia média (TCMs). Além disso, há alguns estudos com cães nos quais foram avaliados os efeitos do consumo de dietas cetogênicas em indivíduos com epilepsia que não respondiam à terapia medicamentosa. Na maioria deles (que não são muitos) foram incluídos TCMs, pois é conhecido que eles implicam em maior produção de corpos cetônicos, comparados aos triglicerídeos de cadeia longa.
Porém, a composição das dietas não correspondeu à dieta cetogênica clássica, na qual 80% a 90% das calorias são provenientes de gordura. Os níveis de carboidratos foram elevados para os padrões de dietas consideradas cetogênicas, correspondendo a cerca de 50% das calorias da dieta. Apesar disso, foram relatados efeitos positivos do consumo dessas dietas no controle de convulsões, além de melhora em um quadro comportamental que se assemelha ao transtorno do déficit de atenção com hiperatividade observado em humanos. Portanto, foi sugerido potencial efeito ansiolítico desse tipo de dieta.
Além disso, há relatos de melhora na função cognitiva de cães que consumiram dieta rica em TCM, o que também pode estar associado à utilização de corpos cetônicos pelo cérebro como fonte de energia. Em gatos, ainda não há informações a respeito do consumo de dietas cetogênicas.
Para mais orientações, procure sempre um especialista em nutrição de cães e gatos.