Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2009), os corantes são aditivos sensoriais, responsáveis pelas características visuais dos alimentos para cães e gatos. Os corantes são substâncias adicionadas intencionalmente aos alimentos, com o objetivo de conferir coloração. Alguns alimentos dos segmentos comerciais econômico e premium utilizam os corantes para chamar a atenção do tutor. Porém, devido à desinformação e à humanização dos pets, os corantes passaram a ser considerados “vilões” na nutrição animal.
Mas será que esses aditivos são tão maléficos quanto dizem?
Os corantes são muito utilizados na nossa alimentação e também na alimentação de nossos pets, sem alterar o valor nutricional dos alimentos. Sabe-se que as concentrações de corantes presentes nos alimentos para animais de estimação são extremamente baixas e não influenciam no desenvolvimento de qualquer alteração metabólica (doença). Há especulações de que os corantes podem causar efeitos adversos aos pets, como câncer e alergias, porém não existem estudos científicos em cães e gatos que comprovem que são prejudiciais à saúde.
Em um estudo, avaliou-se a administração por via oral de 1,0% e 2,0% do corante azul brilhante na dieta de 20 cães filhotes (6 a 7 meses de idade) durante 1 ano. Após este período, não foram observadas alterações clínicas nos animais. Em outro estudo, administrou-se 1,0% e 2,0% do corante tartrazina na dieta de 4 cães filhotes (6 meses) e também não foram observadas alterações clínicas atribuíveis ao corante. Além disso, os valores hematológicos permaneceram dentro do intervalo de referência para a espécie (DAVIS et al., 1964).
Existem alguns estudos em ratos comprovando que a administração de corantes naturais, como a cúrcuma, reduziu as concentrações de colesterol total sérico e dos triglicérides séricos em animais hiperlipidêmicos (VALENTE et al., 1997). Segundo Hashem e colaboradores (2011), a administração de uma dose diária 10 vezes acima da aceitável dos corantes amaranto, sunset yellow e cúrcuma não resultaram em sinais ou lesões em ratos e ainda reduziram as concentrações de peróxido lipídico hepático.
Na tabela 1 estão apresentados valores de ingestão diária aceitável (IDA) para os corantes mais utilizados na alimentação humana e animal.
Tabela 1. Ingestão diária aceitável (IDA) de corantes utilizados em produtos alimentícios para pessoas e animais de estimação.
Corantes | IDA |
Cúrcuma* | 0-3 mg/kg PC |
Antocianina* | ND |
Clorofila* | ND |
Azul brilhante | 0-12,5 mg/kg PC |
Tartrazina | 0-7,5 mg/kg PC |
Sunset yellow | 0-4 mg/kg PC |
Vermelho 40 | 0-7 mg/kg PC |
Portanto, é de suma importância a correta percepção sobre os corantes na alimentação de cães e gatos. Com base nas evidências científicas publicadas até o momento, pode-se dizer que eles não causam efeitos adversos nos animais de estimação e que é seguro oferecer um alimento com esse aditivo.
Referência
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. IDA, Corante INS. Uso de
corantes artificiais em alimentos. Legislação Brasileira,
2002.
DAVIS, K. J.; FITZHUGH, O. G; NELSON, A. A. Chronic rat and dog toxicity
studies on tartrazine. Toxicology and Applied Pharmacology, v.
6, n. 5, p. 621-626, 1964.
HASHEM, M. M.; ATTA, A. H.; ARBID, M. S.; NADA, S. A.; MOUNEIR, S. M.;
ASAAD, G. F. Toxicological impacto f amaranth, sunset yellow and curcumin as
food coloring agentes in albino rats. J Pak Med Stud, v. 1, n.
2, 2011.
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução
Normativa Nº30/2009. Sistema Integrado de Legislação, 2009.
VALENTE,
S. T. X. Efeito de corantes naturais nos níveis de colesterol e
triacilgliceróis séricos em ratos hiperlipidêmicos. Tese (Doutorado em
Agroquímica), Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG, 1997