Quando um paciente não aceita ou não consegue comer por conta própria, é possível utilizar técnicas para possibilitar a alimentação enteral – isto é, inserção de alimento no trato digestório (esôfago, estômago ou intestino) do paciente. Um exemplo disso são as sondas de alimentação, que já falamos por aqui. No entanto, há casos em que isso também não é possível. Nesses momentos, uma opção ainda pouco usada na medicina veterinária é a alimentação parenteral.
Alimentação parenteral significa fornecer nutrientes pela via intravenosa (dentro da veia), como se fosse um soro! A diferença é que esse “soro” contém aminoácidos, vitaminas, alguns minerais e até mesmo gordura!
Na medicina humana, ela é aplicada de forma rotineira em pacientes hospitalizados que não conseguem ou não podem receber alimento pela via normal (por boca), o que chamamos de via enteral. Além disso, algumas pessoas com doenças crônicas que envolvem o sistema digestivo não podem receber alimento por essa via, podem receber alimentação parenteral de forma contínua mesmo não estando hospitalizados.
E na veterinária? Bom, a nutrição clínica de cães e gatos está em pleno crescimento, e, com ela, a utilização de suporte nutricional na rotina também. No entanto, nem todos os hospitais e clínicas conseguem cuidar da alimentação enteral (sondas) de forma apropriada nesses pacientes, o que torna mais difícil pensar em alimentação parenteral, que exige muito mais conhecimento técnico. Vários motivos justificam isso, como, por exemplo, a falta da figura de um veterinário nutrólogo nesses locais e o alto custo. Entretanto, à medida que a alimentação parenteral for cada vez mais incluída, espera-se também que seu custo reduza, principalmente se for incorporada nos planos de saúde Pet!
Em hospitais humanos, recentemente (2020), o nutricionista clínico se tornou um profissional obrigatório na equipe de cuidados intensivos! Ele inclusive é chamado de nutricionista intensivista. Assim, todos os pacientes críticos não deixam de receber o aporte nutricional que é essencial para sua recuperação e até mesmo sobrevivência.
Nós, nutrólogos veterinários, estamos super ansiosos para que a nutrição seja devidamente reconhecida, assim como na medicina humana, e ganhemos esse espaço merecido nos hospitais e unidades de terapia intensiva veterinária. A utilização da alimentação parenteral tornará a possibilidade de desnutrição nesse momento crítico, praticamente nula. O futuro nos aguarda!