Aqui no blog, já falamos algumas vezes sobre o manejo de animais que não querem comer, condição que é conhecida como inapetência (falta de apetite de forma geral) ou com termos específicos: seletividade alimentar (quando o animal só aceita determinados alimentos), hiporexia (quando come menos do que o necessário) e anorexia (quando não come por vontade própria). Neste texto, iremos abordar sobre a a reintrodução alimentar, muitoimportante no manejo de animais que ficaram sem comer a quantidade adequada de alimento por um determinado período de tempo..
Diferentes estratégias podem ser utilizadas por médicos-veterinários para fazer com que os animais ingiram a quantidade adequada de alimentos, suficiente para suprir sua necessidade de nutrientes e energia, como: o uso de sondas, prescrição de medicamentos que aumentam o apetite e utilização de alimentos palatáveis. A escolha por cada uma dessas opções fica a cargo do profissional, de acordo com as características do caso clínico.
Em momentos quando o pet está sem comer (ou comendo pouco) por um determinado período de tempo, o médico-veterinário poderá prescrever a reintrodução alimentar como parte do manejo nutricional desse animal. Essa tal “reintrodução” consiste basicamente no aumento gradual da quantidade de comida, ou seja, nos primeiros dias após a colocação da sonda ou início das medicações, o médico-veterinário pode indicar uma quantidade menor de alimento, para ser aumentado gradualmente, e por bons motivos!
O primeiro motivo para realizar a reintrodução gradual, se deve a possibilidade de um fenômeno conhecido como “síndrome de realimentação”, que é um conjunto de alterações clínicas que podem aparecer em pacientes que voltam a se alimentar após períodos importantes sem comer. Essa condição inclui desbalanços nos minerais presentes no sangue (como fósforo, potássio e magnésio), assim como problemas no coração, circulação, respiração e sistema nervoso. Embora essa síndrome seja mais estudada em humanos, também pode constituir uma preocupação para cães e gatos.
O segundo motivo é mais direto e fácil de explicar: quando um animal (ou humano) passa muito tempo “de estômago vazio”, o estômago tende a diminuir de volume. Se, ao voltar a alimentar o animal, um volume muito grande de alimento for utilizado, o estômago diminuído pode não ser capaz de suportar tudo, o que pode levar a vômito e regurgitação. Essa questão é ainda mais importante quando utilizamos alimentos líquidos (como alimentos para sondas ou mesmo sachês), que possuem volume muito maior quando comparados a alimentos secos.
Por essas razões, é importante realizar a reintrodução alimentar quando o animal passa por um período importante sem comer (a partir de alguns dias). Isso evita alterações como a síndrome de realimentação e ajuda o corpo a se acostumar lentamente com o volume de alimento. Assim, é fundamental seguir as orientações do médico-veterinário, incluindo as quantidades prescritas para o animal. Além disso, no caso de alimentos pastosos ou líquidos para sondas de alimentação, é importante realizar a diluição de acordo com as orientações do médico-veterinário, sem adicionar mais água que o recomendado, pois isso irá aumentar o volume da refeição.
Vale lembrar: caso seu animal apresente alterações no apetite, é crucial que ele receba atendimento médico-veterinário para compreender a causa e realizar o tratamento correto.