O processo de envelhecimento em cães e gatos é um fenômeno natural que envolve diversas mudanças físicas e comportamentais ao longo dos anos, ou seja, é um processo progressivo, constante e irreversível. Entre as inúmeras consequências que a senilidade nos pets pode trazer, a falta de apetite é uma das mais perceptíveis aos tutores. Aquele cão ou gato que sempre se alimentou de maneira adequada, nunca recusou a comida oferecida e até mesmo podia ser um pouco guloso, pode não se interessar tanto pelo alimento quando se torna um “sênior”.
A perda de apetite em pets idosos se dá de forma parcial (hiporexia) ou total (anorexia), e é uma condição relativamente comum e que pode ter várias causas. Entre os principais fatores, estão as mudanças naturais que ocorrem no organismo com o passar dos anos, como a diminuição e a dificuldade de digerir alimentos, dores crônicas e estresse. Doenças periodontais e alterações na percepção dos cheiros e sabores também são frequentes nessa fase da vida, tornando a comida menos atrativa para o pet. É importante que o tutor tenha em mente que se o seu cão ou gato apresentam esses aspectos, e é algo esperado devido à condição em que se encontram.
Para estimular o apetite, é importante que o tutor adote estratégias cuidadosas e multifatoriais e trabalhe em conjunto com um médico-veterinário. Primeiramente, é importante investigar se esse comportamento pode estar ligado a alguma doença. Nesse momento, contar com a orientação de um médico-veterinário é essencial para garantir uma avaliação completa e cuidadosa do pet.

Como o olfato e paladar podem estar comprometidos, oferecer alimentos mais “palatáveis”, ou seja, mais saborosos, é bem-vindo, como dietas com maior quantidade de gordura incluída, sachês ou até mesmo rações com leve adição de água para deixá-la mais úmida. A textura mais suave também auxilia quando o pet está com a dentição comprometida.
A temperatura pode e deve ser uma importante aliada na hora de cuidar da alimentação. Deixar o alimento morno estimulam as sensações olfativas e gustativas. Oferecer pequenas porções ao longo do dia é outra estratégia eficaz para melhorar a digestão reduzida e para os pets sêniores com a dentição afetada pelos anos.
O ambiente e o manejo também devem ser pensados. Muitas vezes devido a dores, dificuldade de locomoção, uso de medicamentos e estresse, o apetite vai minguando. É importante que o cão ou gato tenha um local calmo, tranquilo e limpo para realizar suas refeições. Ter uma rotina organizada, com horários fixos e porções bem controladas, faz com que o pet se sinta mais tranquilo e saiba o que esperar ao longo do dia. O uso de suplementos estimuladores de apetite de igual modo pode ser considerado, no entanto, sempre sob prescrição.
Estimular o apetite do pet idoso é essencial para sua saúde e bem-estar. Pequenas mudanças na alimentação ajudam bastante, mas nunca esqueça o acompanhamento do médico-veterinário é fundamental para identificar causas clínicas e garantir a melhor orientação para seu pet envelhecer com qualidade de vida.
Referências
PÉREZ-CAMARGO, G. Cat nutrition: what’s new in the old? Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v. 26, n. 2, p. 5-10, 2004.
STOCKMAN, J.; OWENS, T. J. Conversations and considerations relevant to nutrition for senior pets. Advances in Small Animal Care, v. 5, n. 1, p. 151-164, 2024.