A hipersensibilidade alimentar (ou “alergia alimentar”) ocorre quando o corpo do animal tem uma reação negativa a ingredientes presentes na alimentação, e pode se manifestar de diversas formas – desde problemas de pele e pelo, incluindo coceira, até sinais gastrointestinais como diarreia e vômito. Como já abordamos no blog, as moléculas responsáveis por gerar esse quadro (alérgenos) costumam ser as proteínas.
Por isso, o tratamento e controle da hipersensibilidade alimentar normalmente inclui alterar a fonte de proteína para evitar a reação. Para isso, há duas estratégias: utilização de proteína única inédita e proteína hidrolisada.
A proteína hidrolisada, presente em muitos alimentos coadjuvantes para alergia alimentar, é basicamente uma proteína “quebrada” em pedaços menores, o que gera moléculas de tamanho pequeno, tão pequeno que não são capazes de ativar os mastócitos – células envolvidas na reação alérgica. As fontes de proteína hidrolisada variam, e podem incluir ingredientes como frango, peixe e soja. É importante notar que, mesmo que o animal seja alérgico a proteína de frango, por exemplo, a proteína hidrolisada de frango não deve causar problemas, pois, como explicamos, ela foi quebrada em pedaços que não são capazes de desencadear a reação alérgica.
Já a proteína única pode estar presente tanto em alimentos coadjuvantes para hipersensibilidade alimentar quanto em dietas caseiras “de eliminação” para animais alérgicos. A ideia dessa estratégia é fornecer um único tipo de proteína que seja “novidade” para o animal (ou seja, que nunca tenha sido consumido por ele). Proteínas inéditas (“novas”) não serão reconhecidas pelo organismo, e, portanto, não irão desencadear os sintomas da alergia. Nesses casos, costuma-se utilizar proteínas menos presentes na dieta dos cães e gatos, como peixe, porco e cordeiro.
Em muitos casos, pode ser preciso testar mais de uma dieta para um animal alérgico, para determinar com qual dieta ele melhor se adapta. O processo de diagnóstico da alergia alimentar dura, em média, 12 semanas, e pode variar de acordo com a resposta do organismo.
Vale lembrar que não existe uma opção universal para todos os animais e que uma alternativa não é necessariamente melhor que a outra; o tratamento precisa ser individualizado de acordo com as necessidades específicas do animal. O diagnóstico e tratamento da hipersensibilidade alimentar pode ser um desafio, e a melhor conduta clínica deve ser conversada entre tutor e médico-veterinário nutrólogo.