Com certeza você já ouviu falar que cães ou gatos filhotes estão na etapa mais importante de suas vidas! De fato, é no crescimento em que ocorrem as principais transformações fisiológicas, anatômicas e comportamentais, que servirão de alicerce para a saúde e o bem-estar futuro dos peludos.
“É verdade!!!!! E para crescer forte, tem que comer como um filhote!!!!!”
Pera aí, vamos com calma… Nós sabemos que a nutrição adequada é essencial para garantir o desenvolvimento saudável e prevenir a ocorrência de muitos problemas de saúde. No entanto, precisamos nos atentar a duas questões: “o que” e “quanto” meu cão/gato filhote deve comer? Para responder essas perguntas, são necessários alguns cuidados rotineiros indispensáveis, como o acompanhamento do escore de condição corporal (ECC) do seu peludinho.
Esta é uma ferramenta utilizada para acompanhar o estado nutricional do seu pet. Por meio de uma simples e eficaz avaliação tátil e visual, é possível estimar se o animal está acima ou abaixo do peso ideal. Uma vez que o metabolismo de um filhote é acelerado (por estar crescendo), este monitoramento garante que quaisquer mudanças na condição corporal sejam identificadas de forma precoce e revertidas por meio do ajuste da quantidade de alimento.
Estes desbalanços podem tanto indicar falta ou excesso. Ou seja, um filhote que apresenta ECC baixo, está em condição de sub ou desnutrição, o que significa atenção imediata. A falta de nutrientes essenciais em sua dieta pode impedir o crescimento e desenvolvimento ideais, o que pode afetar os ossos, musculatura, sistema imunológico e sistema nervoso. Uma dieta de qualidade indicada para filhotes deve conter todos os nutrientes essenciais necessários, em inclusões adequadas. Acompanhar o ECC é garantia de que o filhote irá ingerir a quantidade adequada de alimento e, este uma vez completo, garante a ingestão de todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento ideal.
Por outro lado, uma situação muito recorrente é a seguinte: o tutor coloca grande quantidade de alimento no comedouro do filhote e deixa lá o dia todo. O pet, por sua vez, acha que é um buffet livre e come sem parar, até não aguentar mais. Resultado: excesso de calorias, ganho de peso e, em alguns casos, alterações no desenvolvimento dos ossos e músculos devido à sobrecarga consequente ao excesso de peso corporal. Esta situação, apesar de evitar a desnutrição, coloca o filhote em risco de desenvolver obesidade e outras consequências importantes relacionadas a esta condição.
Durante a fase de crescimento, o tipo de obesidade que se desenvolve é denominado “hiperplásico”. Isto significa que, quando um filhote é manejado com uma dieta muito calórica ou desequilibrada, o excesso de calorias pode levar ao aumento na produção de células adiposas ou adipócitos (células que fazem parte do tecido adiposo). Isso ocorre para que o tecido consiga armazenar toda a gordura produzida pelo organismo em função da alta ingestão de alimento. Esta condição possui uma evolução mais complicada, uma vez que o número de adipócitos é permanente e não pode ser revertido e, que estas células produzem diferentes substâncias sinalizadoras que podem aumentar ainda mais o apetite do cãozinho ou gatinho. Portanto, filhotes que apresentam obesidade hiperplásica têm maior probabilidade de serem adultos obesos e de manifestarem as consequências desta doença.
Em vista de assegurar a saúde e o desenvolvimento ótimo dos filhotes, é indiscutível a necessidade de uma avaliação nutricional correta, feita por um profissional capacitado (médico-veterinário ou zootecnista). São eles que irão recomendar o alimento e a quantidade ideais para seu filhote e, principalmente, acompanhar a evolução do seu animalzinho! Além de serem capazes de sanar dúvidas mais específicas, como qual o correto manejo nutricional para seu cão de raça grande ou gigante; ou como e quando realizar a troca do alimento para filhotes para o de adultos.
LAFLAMME, D. Development and Validation of a Body Condition Score System for Dogs. Canine Practice, v. 22, p. 10–15, 1997.